Quadriculada F-1 | Silverstone, GP da Inglaterra

Os touros vermelhos bateram cabeças, erraram e deixaram a vitória escapar. Com as atrapalhandas da Red Bull, o astro na Inglaterra foi Fernando Alonso. Antes da corrida o espanhol andou com um carro histórico da Ferrari em comemoração aos 60 anos da primeira vitória da escuderia na Fórmula 1. E o seu show continuou quando as luzes vermelhas se apagaram para que a corrida começasse. Demonstrando que a equipe vem se recuperando, o espanhol foi para cima dos pilotos da Red Bull e contou com um conjunto de sorte, talento e melhorias no seu carro para vencer o GP da Inglaterra.

A evolução da Ferrari pode ser explicada pelas mudanças feitas no assoalho e na asa traseira do monoposto de Fernando Alonso e Felipe Massa. Mas a equipe também contou com mudanças no regulamento que proibiram o escapamento aerodinâmico, um dos trunfos dos carros da Red Bull, e um pouco com as mudanças climáticas em Silverstone. Correndo em uma pista entre seca e molhada e usando pneus intermediário a equipe de Maranello teve um dia de alegria.

Mas a vida da Ferrari não foi tão fácil assim na Inglaterra. A Red Bull havia começado o fim de semana bem. Mark Webber conquistou a pole position e largava ao lado do companheiro, o líder do campeonato Sebastian Vettel. Já na largada, o jovem alemão tomou a ponta do australiano e se manteve na primeira posição uma boa parte da corrida. Webber não conseguia manter o ritmo de Vettel, fazendo com que Alonso ficasse muito próximo de seu carro. A primeira sequência de trocas de pneus não mudou muita coisa. Mas na segunda sequência, Alonso tomaria a segunda colocação de Webber em quanto esse fazia sua troca de pneus. Voltas depois, Vettel e Alonso entrariam juntos para o último pitstop, mas a Red Bull errou, fazendo com que Vettel ficasse muito tempo parado. Alonso assumiria então a ponta para não mais perder. Vettel ainda sofreria a pressão do companheiro que mesmo sendo orientado pela equipe a não atacar o líder do campeonato, partia para cima. Mas o jovem alemão conseguiu manter a segunda colocação sem nenhum choque com Webber.

Se a Ferrari conseguiu finalmente vencer a Red Bull e se tornar um concorrente de peso, principalmente com Alonso, a McLaren vem perdendo terreno. A equipe inglesa parece ter sofrido mais com a mudança de regulamento do que a própria Red Bull. A classificação foi ruim para seus pilotos, com Lewis Hamilton largando em décimo e Jenson Button em quinto, atrás dos carros da Red Bull e da Ferrari. Na corrida, Hamilton mostraria força mais pelo seu talento em condições inconstantes de pista. Nas primeiras voltas recuperaria algumas posições, chegando a andar em terceiro em alguns momentos. No final, brigou e tomou de Felipe Massa a quarta posição. Button não foi tão bem, andando em ritmo semelhante do companheiro, o inglês sofreria com um pitstop mal feito no final da prova. Uma roda mal fixada o faria abandonar a corrida.

Completando as equipes grandes tivemos a Mercedes fazendo uma prova novamente regular. A classificação foi ruim para Nico Rosberg (9º) e Michael Schumacher (11º). Na corrida, Rosberg levou seu carro a posição de costume, logo atrás de Red Bull, Ferrari e McLaren. Ganhou apenas mais uma posição com o abandono de Button, terminando na sexta colocação. Schumacher tinha um ritmo melhor e poderia ter terminado a prova bem a frente do companheiro. Mas o veterano vem repetindo provas conturbadas e novamente se chocou com um outro piloto. Kamui Kobayashi foi a vítima da vez. Punido, Schumacher partiu para uma corrida de recuperação, terminando na nona colocação.

Falando em Kobayashi, a Sauber, sua equipe, teve um dia de altos e baixos. Kamui sofreu com um pouco de tudo ao longo da prova: toques de Schumacher e Di Resta; um incidente que quase provocou um acidente dentro dos boxes com Pastor Maldonado; e falhas no motor que provocaram seu abandono. Em compensação o outro piloto da equipe conquistou sua melhor colocação em uma prova de F-1. Sergio Pérez completou a corrida em sétimo, logo atrás de Rosberg da Mercedes que suou para se manter a frente do mexicano.

Completando a zona de pontuação, Nick Heidfeld da Renault chegou em oitavo e Jaime Alguesuari da Toro Rosso em décimo. A Renault segue assim perdendo espaço e vem lutando com as equipes médias como Sauber e Toro Rosso. E Heidfeld mantém sua performance mediana, conquistando mais alguns pontinhos para a equipe que também sofreu muito com a eliminação dos difusores soprados. Na Toro Rosso parece que a pressão sobre o jovem espanhol vem surtindo efeito, já é a terceira corrida seguida que Alguesuari pontua.

As demais equipes médias não tiveram tanta sorte. A Williams que vinha de uma melhora de desempenho, parece que estagnou novamente. Barrichello largou mal e se recuperou apenas para terminar em 13º. Maldonado veio em seguida, em uma corrida ruim depois de largar da sétima colocação. Das equipes pequenas vale apenas o registro da primeira prova de Daniel Ricciardo pela Hispania, o piloto bancado pela Red Bull conseguiu terminar a corrida, chegando na 19ª colocação.

A próxima etapa da Fórmula 1 será em Nürburing, na Alemanha. A Ferrari vem em alta, mas pode levar um revés se a FIA retirar a proibição dos difusores soprados. A discussão foi jogada para as equipes e apenas Ferrari e Sauber não estão de acordo com essa nova mudança. Apesar da recuperação da Ferrari, a Red Bull segue como a melhor postulante ao título, isso com ou sem difusor. Parece que a única coisa que ainda está em jogo é quando o campeonato será decidido.

A Bela e a Fera . F-1 | GP da Europa

Como já havia dito anteriormente no Quadriculada, foram dois touros e um toureiro em Valência. Do embate duplo sobrou um dos touros que segue enfurecido rumo ao título do campeonato. E o toureiro, apesar de ter abatido apenas um dos oponentes, mereceu também o título de fera no GP da Europa.

Foi mais uma vitória para Sebastian Vettel que vem demonstrando que há na Red Bull mais do que um ótimo monoposto, há um conjunto que se torna mais completo quando uma das variáveis é o jovem alemão. Na busca dos demais em alcançar esse perfeito conjunto rubro-taurino, Alonso foi o melhor e conseguiu o feito de fazer uma ultrapassagem dentro da pista travada de Valência, realizando praticamente um milagre. Superou Mark Webber para terminar em segundo no GP da Europa.

Apesar da bela atuação de Vettel e Alonso na arena valenciana, o GP da Europa foi novamente entediante. Uma pena para uma etapa que tem ares de um grande um evento, lembrando muito Mônaco com sua bela paisagem, uma interessante arquitetura, luxuosos iates ancorados ao longo do circuito e, principalmente, belas mulheres com seus sensuais trajes de banho. O que contribuiu para que a Bela da vez fossem muitas. O destaque fica para as modelos que embelezaram o circuito na piscina da Red Bull, equipe que também brilha no marketing fora das pistas.

Quadriculada F-1 | Valência, GP da Europa

Dois touros e um único toureiro, o resultado? O toureiro superou apenas um adversário, o outro saiu em disparada passando por cima de todos, como se Valência fosse Pamplona. Sebastian Vettel e seu Red Bull estão praticamente imbatíveis. Com a vitória deste domingo no GP da Europa, venceram 6 de 8 corridas realizadas, terminando em segundo nas duas que não venceram. Mark Webber, o outro touro vermelho, andou melhor, mas foi superado por Fernando Alonso em uma das pouquíssimas ultrapassagens vistas em Valência.

Pois é, o circuito de rua valenciano é veloz e tem um cenário maravilhoso, com navios, construções antigas, praias e belas mulheres, mas a corrida permanece em seu destino de etapa chata com poucas ultrapassagens ou disputas por posições. Nem mesmo todas as mudanças implementadas para dar uma maior competitividade as corridas tornou o GP da Europa mais atrativo. Olha que havia ainda a entrada em vigor de uma das novas proibições determinadas pela FIA, em uma clara atitude de limitar a força da Red Bull nesta temporada. Nesta etapa foi proibido o mapeamento do motor, solução que pode modificar características de seu funcionamento dependendo das condições de corrida e que é feito de forma remota. No próximo GP será a vez de proibir os difusores sopradores que jogam ar quente por baixo do carro diminuindo a pressão aerodinâmica. Todas essas inovações estão nos monopostos desenvolvido por Adrian Newey para a equipe das latinhas de energéticos, mas parece que as restrições não deram o efeito esperado.

Se a Red Bull permanece sendo a melhor equipe, principalmente com Vettel, o seu principal concorrente parece ter mudado. Ou melhor, talvez tenha sido duplicado. A McLaren foi bem no Canadá com a vitória espetacular de Jenson Button, e já havia vencido na China com Lewis Hamilton. Mas agora é a Ferrari que se apresenta como concorrente em ascensão. Fernando Alonso foi segundo em duas corridas, Mônaco e agora Valência. E Felipe Massa vem se recuperando, talvez não a ponto de ser um concorrente para os pilotos rubro-taurinos, mas pelo menos para duelar com os da McLaren. Felipe terminou este GP em quinto, justamente entre Hamilton e Button. Chegou até a fazer uma boa largada saltando de quinto para terceiro, mas já na primeira curva forçou uma ultrapassagem sobre Webber. O resultado não foi dos melhores, já que Alonso lhe tomou a terceira colocação nessa manobra. Daí por diante seguia em quarto, mas com um novo erro da Ferrari em seu pitstop, Felipe perdeu a quarta posição para Hamilton.

Enquanto Ferrari e McLaren disputam a posição de rivais da Red Bull, a Mercedes vai se distanciando desse grupo. A equipe alemã vai bem nos treinos livres, porém tem um desempenho pífio em corrida. Nico Rosberg conseguiu pelo menos pontuar, cruzando a linha de chegada em sétimo. Enquanto isso Michael Schumacher chegou apenas em 17º, saindo da zona de pontuação devido a um choque com Vitaly Petrov. Falando em Renault, a equipe segue caindo de produção. Em Valência, Petrov não passou pelo Q2, largando apenas em 11º. Na corrida foi ainda pior, cruzando em 15º. Heidfeld teve um desempenho melhor, mas continua muito discreto para quem foi contratado para substituir Robert Kubica. Largou da nona colocação e chegou em décimo, ficando atrás de carros de equipes médias. Na verdade, a luta da Renault agora não é mais com as equipes da ponta, nem mesmo a Mercedes. Apesar do bom início de ano com direito a podiums, a equipe francesa briga agora é com equipes do meio do pelotão como Sauber e Force India.

E nesse grupo de equipes médias tivemos também algumas novidades. A Force India apareceu forte desde os treinos livres, Adrian Sutil passou inclusive para o Q3, largando da 10ª colocação. Na corrida, Sutil conquistou mais uma posição. Quem também pontuou foi Jaime Alguesuari da Toro Rosso. Correndo em casa, o jovem espanhol superou uma péssima posição no grid de largada, 17º lugar, com uma boa estratégia com apenas duas paradas para terminar a corrida em oitavo. Os demais pilotos de equipes medianas se embaralharam no meio do grid, nessa briga Rubens Barrichello conseguiu um modesto 12º lugar, quebrando uma sequência de pontos que vinha desde Mônaco.

Entre as pequenas, nada de novo. O quadro de forças permaneceu o mesmo, na seguinte sequência (do mais forte para o mais fraco): Lotus, Marussia Virgin e Hispania. Novidade mesmo é que todos os pilotos dessas equipes conseguiram terminar prova. Eles e todos que largaram em Valência, por sinal um recorde. Não que isso seja de muito valor, pois mesmo com tantos carros na pista, o Grande Prêmio da Europa não foi muito disputado.

O campeonato segue assim praticamente definido, com a tendência de Sebastian Vettel e Red Bull como futuros campeões. Sobraria apenas o vice para ser disputado por Webber, Button, Hamilton e Alonso. No campeonato de equipes, apenas McLaren e Ferrari tem chances de conquistar o vice-campeonato. E será essa luta pelo vice e pela vitória de um ou outro GP que trará emoções daqui para frente. A próxima corrida será na Inglaterra, no dia 10 de Julho, em Silverstone. Com certeza será um corrida melhor que Valência, não apenas por que as novas limitações estarão em vigor, mas principalmente porque Silverstone é um circuito melhor. McLaren e Ferrari deverão também tentar uma última cartada, novos pacotes de atualização serão implementados no tradicionalíssimo GP da Inglaterra.

Entre Aspas | “Os Capacetes de Mônaco”

Um outro blog interessante sobre Fórmula 1 é o do Ico. Os textos lá publicados são de autoria de Luis Fernando Ramos, o Ico. Jornalista que acompanha em loco todos os grandes prêmios da F-1, cobrindo o evento para a Rádio Bandeirante, o Lance e para o site Total Race. O “Entre Aspas” de hoje traz justamente a sugestão de leitura de um post publicado no Blog do Ico.

Em “Os Capacetes de Mônaco”, Ico destaca os capacetes com pinturas especiais utilizados por alguns dos pilotos da F-1. Como a prova do principado é cheia de detalhes e atrativos especiais, os pilotos geralmente aproveitam para utilizar uma pintura diferenciada. Dentre elas chamaram a atenção coincidentemente as dos capacetes dos três primeiros colocados em Monte Carlo: Sebastian Vettel, Fernando Alonso e Jenson Button. O capacete de Vettel que tem uma base associada a identidade visual da Red Bull, ganha a cada prova detalhes diferentes. Nesta foi feita uma especie de colagem com cartazes antigos de divulgação do GP de Mônaco. Alonso preferiu reforçar toda a tradição da prova com uso do dourado, preto e do branco no lugar das cores da Espanha e das Astúrias, que são o vermelho, amarelo e o ciano. Já Button fez uma homenagem as vítimas do terremoto do Japão ao trocar as cores e formas da bandeira da Grã-Bretanha pelas do país asiático. Além disso o inglês e seu companheiro de equipe, Lewis Hamilton, participaram de uma ação de marketing da Steinmetz. A tradicional joalheria incrustou diamantes em detalhes dos capacetes da dupla inglesa da McLaren. Confiram com mais detalhes essas e outras imagens no Blog do Ico.