Hora do Comercial | Vi Presento: Fiat 500

A semana passada foi intensa para a Fiat nos Estados Unidos. O fabricante de origem italiana acabou de se consolidar como acionista majoritário do Grupo Chrysler, detentora das marcas Chrysler, Jeep, Dodge e Ram. A Fiat possui agora 52% das ações da fabricante estadunidense. Além de assumir o controle da Chrysler, os italianos finalmente lançaram o Fiat 500 no mercado norte-americano. Fabricado na planta da Chrysler no México, o compacto de estilo retrô também será comercializado na versão conversível, o Fiat 500 C. Como o Brasil tem um acordo comercial com o México, o charmoso carrinho da Fiat deixará de ser importado da fábrica polonesa. O carro deve chegar com um preço mais interessante, já que existe isenção de impostos para os veículos importados do México.

Para marcar o lançamento do Cinquecento nos EUA, a Fiat através da agência Impatto Detroit veiculou um anúncio apresentando o novo produto. O vídeo faz um paralelo entre a linha de montagem do Fiat 500 e o cotidiano das pessoas. A trilha sonora segue a linha retrô com um toque de modernidade. Foi escolhido um remix do “Concerto in D major”, Rv 228” do compositor italiano Vivaldi.

Mercado Motor | Fiat e seus clones

Desde de 2009, quando a Fiat virou acionista do grupo Chrysler, já se vislumbrava o compartilhamento de tecnologias e plataformas entre essas montadoras. Mas quando no início deste ano o grupo italiano apresentou ao mundo os “clones” de modelos da Dodge e Chrysler, várias publicações e sites especializados criticaram a estratégia italiana. Fiat Freemont e os Lancia Thema, Flavia e Grand Voyager são cópias fieis dos Dodge Journey e os Chrysler 300, 200 e Town & Country. Mas seria essa estratégia algo novo? E ela realmente seria um erro?

Parcerias entre montadoras ou mesmo o compartilhamento de projetos por marcas de um mesmo grupo já se tornaram comuns na indústria automobilística. A própria Fiat há anos vem adotando postura semelhante nos veículos desenvolvidos em parceria com o grupo PSA (Peugeot e Citröen). As minivans Fiat Ulysse, Lancia Zeta (renomeada Phedra), Peugeot 806 (renomeada 807) e Citröen Evasion (renomeada C8) são exemplos disso. Idealizadas em 1997, a maioria delas ainda é comercializada na Europa. No Brasil essa parceria pode ser observada através dos utilitários comerciais Fiat Ducato, Citröen Jumper e Peugeot Boxer, projetados em 1988 e ainda hoje fabricados. Mais recentemente esse casamento entre franceses e italianos gerou também os utilitários Peugeot Bipper, Citröen Nemo e Fiat Qubo na Europa.

Mas a clonagem de modelos não é exclusividade da Fiat. É possível identificar vários outros exemplos mundo a fora. A GM, por exemplo, tem usado essa mesma estratégia em vários mercados, inclusive no Brasil. Detentora de inúmeras marcas, a fabricante estadunidense aproveitou modelos de sua subsidiária alemã e os tropicalizou. Kadett, Monza, Omega, Corsa, Astra e Zafira são projetos desenvolvidos pela Opel e que foram ou são fabricados pela Chevrolet brasileira. No caso do Omega a história é até um pouco mais rica, as primeiras versões comercializadas em nosso país eram do modelo alemão, mas a partir de 1998 a Chevrolet passou a importá-lo da australiana Holden, marca também de propriedade da General Motors. O Holden Commodore foi o modelo escolhido para se tornar o novo Omega brasileiro. A clonagem do Commodore foi ainda replicada pela GM em outros mercados como o norte-americano através dos Pontiac G8 (até 2010) e Chevrolet Caprice, e no inglês com o Vauxhall VXR6.

Poderiam ser citados outros exemplos, mas a questão mais importante é a forma como essa estratégia de “clonagem” é empregada. Comercializar veículos tão parecidos em um mesmo mercado pode comprometer as vendas de ambos os produtos. A similaridade pode confundir o consumidor e até mesmo comprometer a imagem dos modelos. O ideal seria que os veículos não se tornassem concorrentes em um mesmo mercado ou pelo menos que eles ganhassem características próprias (estéticas ou funcionais) que os diferenciassem.

Aparentemente a intenção da Fiat é comercializar os clones na Europa, onde a Chrysler e Dodge tem pouca penetração. A estratégia se mostra então mais interessante ao gerar economia e agregar valor, já que se reduz os custos do desenvolvimento de novos produtos ao mesmo tempo que se reforça o portfólio de produtos de Fiat e Lancia. O mesmo não pode ser dito do mercado brasileiro que poderia receber o Fiat Freemont. Sua importação prejudicaria uma marca premium já estabelecida, além de não ser fácil promover um veículo tão caro em concessionárias acostumadas a vender carro popular. Vale lembrar ainda que o Jorney é o produto de maior sucesso da Dodge no país.